O nome Lewis Carroll, muitas vezes, não traz nada à lembrança, porém dificilmente há uma pessoa que nunca tenha ouvido falar de sua obra mais famosa, Alice no País das Maravilhas.
A história da menina que por seguir um coelho muito atrasado acaba por cair em sua toca e vai parar em um mundo fantástico foi criada durante um passeio de barco em 4 de julho de 1862, para entreter 3 garotinhas -entre elas estava a Alice real-. Meses depois, Carroll deu à essa Alice um manuscrito com a narrativa inventada, com a seguinte dedicatória " Um presente de Natal para uma criança querida, em memória de um dia de verão".
Como se vê, Alice no País das Maravilhas foi criado para uma criança. Talvez seja por isso que até hoje muitas pessoas acreditem que essa obra é, exclusivamente, voltada para o público infantil. Porém, ao lê-la atentamente percebe-se que não é bem assim. Lewis Carroll escreve de uma forma amplamente trabalhada e faz de uma história que, em princípio, parece simples, uma mera fantasia de criança, um espetáculo de imagens imerso em elaborados jogos de palavras e complicados desafios de lógica.
Tais elementos contribuem para que o livro tenha uma atmosfera nonsense. O que quer dizer que as situações não são apresentadas com muito sentido, os diálogos dos personagens, por exemplo, muitas vezes são um amontoado de frases sem nexo. A obra é como uma noite em que se sonha diversas coisas que se ligam sem uma explicação clara.
A personagem Alice não é uma criança de 7 anos normal. Ela é extremamente crítica e questionadora. Em suas falas existem questionamentos existenciais, políticos e, por vezes, entende coisas que muitos adultos ainda não puderam compreender.
Segundo alguns críticos, Alice no País das Maravilhas destina-se à crianças-adulto e a adultos-criança, afinal, tem-se que ser um pouco criança para aceitar mergulhar, sem restrições, em um mundo completamente diferente do real. E, tem-se que ser um pouco adulto para enxergar tudo que pode existir em cada detalhe desse livro já tão amplamente estudado, mas ainda tão cheio de coisas a serem descobertas.